Malu estava atrasada pra fotografar uma coleção de vestidos, um free lance que uma amiga lhe arrumou, coisa rápida quando não se está com pressa. Pegou a bicicleta, saiu do seu novo emprego, que ficava relativamente perto do seu antigo onde foi despedida. Decidiu fazer um caminho mais rápido, lá no “decidão” como ela chamava. Desceu, teve sete segundos de paz em cima da bicicleta
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete!
Sentiu o ar fresquinho no rosto, as mãos levemente formigavam por conta do asfalto irregular, enquanto o vento esvoaçava seu cabelo e na primeira curva, aquela à direita, bateu contra uma moto. Não teve tempo de freiar, na verdade, não deu tempo nem de ver no que ela bateu. Ouve três segundos de silêncio, esses mais longos que os sete.
Um...
Dois...
Três...
-Puuts! Cê ta bem moça? Moça?...
- Moça?...
- Claro que eu to bem! Acabei de atropelar uma moto! To ótima! – disse Malu, um pouco alterada enquanto observava se não havia nada de errado com a bicicleta.
- Desculpa moça, to com a cabeça no mundo da lua, to sempre correndo, sabe como que é vida de peão né? Pelo amor de deus, cê se machucou? Quer que eu chame a ambulância? Desculpa moça, pega meu telefone aqui, qualquer coisa liga. Tu não se machucou não né? Moça?
- Não, não amigo. Eu que não te vi, desculpa ae, falou!
Disse Malu, enquanto embalava a bicicleta pra continuar descendo, isso depois de verificar se não havia nada de errado com a bici e com ela. Algo de errado com ela devia ter, o cara cruzou sua frente com uma moto e ela não soltou nenhum palavrão!
Enfim, o rapaz da moto achou estranho e ela também. Continuou o caminho, pensando no ensaio e no atraso. Tinha reservado o estúdio para as 14h, já eram 15h e tanto! O pior era aguentar o pentelho que cuidava do estúdio, tudo era motivo pra ele reclamar e a Malu já estava fudida da cara com ele.
Chegou, toda suada, lavou o rosto, e deu risada quando saiu do banheiro e viu um grupo de pessoas vestidas e imitando abelhas. Caralho! que isso? disse ela gargalhando. Devia ser algo como o Zombie Walk, mas dessa vez Bee Walk, pensou Malu. Enfim, o dia já estava uma loucura, um monte de gente vestida de abelha é o de menos.
Entrou no corredor que da no estúdio e quem estava lá? O Mauro, o cara que cuida do estúdio. Lá estava ele, com aquela cara de cínico, sorrindo e olhando pro relógio, como se fosse um troféu. "O filho da puta", como Malu o chamava, adorava contar vantagens dos outros, adorava mentir e achava que era o chefe "daquela merda". Ele cuida dos estúdios da faculdade da Malu, e como ela não tem o seu próprio, usa o da universidade pra fazer seus freelas. O problema é que ele sempre estava lá, sem nada pra fazer, e cuidando da vida dos outros.
- Malu, 16h da tarde, você tá brincado né?
- Não Mauro, eu estava trabalhando e não pude vir antes!
- Sei... disse Mauro, ironicamente.
Foi a gota d'água!
- E se eu estivesse dando a bunda? O que você tem haver com isso? Tu paga o meu salário?
Mauro continuou com aquele sorrisinho boçal na cara e disse.
- Olha, você da a "bunda" pra quem quiser, mas do jeito que é irresponsável, nem assim vai conseguir ganhar alguma coisa
Malu sentiu o sangue quente no rosto, seu peito encheu de um sentimento que não sabia descrever, pensou em uma resposta pro Mauro, resolveu contar até cinco.
Um
Dois
Três
Quatro...
Não conseguiu, contou até quatro, pegou o extintor da parede e deu no meio da boca dele, Mauro não conseguiu se esquivar. Também, nem ele e nem ela esperavam por isso. Ele caiu no chão, com uma cara de assustado, gritando que ela era louca.
Malu demorou pra se dar conta do que fez, tudo ficou mudo. Olhou pro lado, sua amigava que espera lá, perguntava assustada o que tinha acontecido, mas nenhum som saia de sua boca. Olhou pro cara no chão, e via ele praguejando palavrões contra ela, enquanto cuspia os dentes, mas nenhum som era ouvido. Ela contou até cinco.
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
- Sua vagabunda! Olha o que você fez!
Contar até cinco funcionou ela voltou a ouvir e a falar.
- Do que você me chamou? disse ela, jogando o extintor perto dele
Ele olhou assustado, gritando que iria processar ela.
- Foda-se! Eu quero ver você dar aquele sorrisinho cínico sem os dentes agora, seu babaca. Fazia tempo que você merecia uma dessa, não tem respeito com ninguém, não tem bom senso e nem humildade.
Nesse momento, entrou aquele monte de gente vestida de abelha. Olharam pra Malu, pegaram ela, e começaram a jogar pra cima levando-a para fora do estúdio. Jogaram ela pra cima a primeira vez e gritaram todos juntos
- Trinta e cinco!
Jogaram a segunda.
- Trinta e oito!
Jogaram ela pra cima pela terceira vez, essa bem mais alto que as outras.
- Quarenta e dois!
Dessa vez, ninguém segurou ela. Ela caiu lá do alto direto no chão e ao contrário do acidente de bicicleta, dessa vez doeu.
Malu acordou, caiu da cama. Na TV o resultado da tela sena.
Naquele dia não foi trabalhar, achou meio arriscado.
Malu I
Malu II
Malu III
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete!
Sentiu o ar fresquinho no rosto, as mãos levemente formigavam por conta do asfalto irregular, enquanto o vento esvoaçava seu cabelo e na primeira curva, aquela à direita, bateu contra uma moto. Não teve tempo de freiar, na verdade, não deu tempo nem de ver no que ela bateu. Ouve três segundos de silêncio, esses mais longos que os sete.
Um...
Dois...
Três...
-Puuts! Cê ta bem moça? Moça?...
- Moça?...
- Claro que eu to bem! Acabei de atropelar uma moto! To ótima! – disse Malu, um pouco alterada enquanto observava se não havia nada de errado com a bicicleta.
- Desculpa moça, to com a cabeça no mundo da lua, to sempre correndo, sabe como que é vida de peão né? Pelo amor de deus, cê se machucou? Quer que eu chame a ambulância? Desculpa moça, pega meu telefone aqui, qualquer coisa liga. Tu não se machucou não né? Moça?
- Não, não amigo. Eu que não te vi, desculpa ae, falou!
Disse Malu, enquanto embalava a bicicleta pra continuar descendo, isso depois de verificar se não havia nada de errado com a bici e com ela. Algo de errado com ela devia ter, o cara cruzou sua frente com uma moto e ela não soltou nenhum palavrão!
Enfim, o rapaz da moto achou estranho e ela também. Continuou o caminho, pensando no ensaio e no atraso. Tinha reservado o estúdio para as 14h, já eram 15h e tanto! O pior era aguentar o pentelho que cuidava do estúdio, tudo era motivo pra ele reclamar e a Malu já estava fudida da cara com ele.
Chegou, toda suada, lavou o rosto, e deu risada quando saiu do banheiro e viu um grupo de pessoas vestidas e imitando abelhas. Caralho! que isso? disse ela gargalhando. Devia ser algo como o Zombie Walk, mas dessa vez Bee Walk, pensou Malu. Enfim, o dia já estava uma loucura, um monte de gente vestida de abelha é o de menos.
Entrou no corredor que da no estúdio e quem estava lá? O Mauro, o cara que cuida do estúdio. Lá estava ele, com aquela cara de cínico, sorrindo e olhando pro relógio, como se fosse um troféu. "O filho da puta", como Malu o chamava, adorava contar vantagens dos outros, adorava mentir e achava que era o chefe "daquela merda". Ele cuida dos estúdios da faculdade da Malu, e como ela não tem o seu próprio, usa o da universidade pra fazer seus freelas. O problema é que ele sempre estava lá, sem nada pra fazer, e cuidando da vida dos outros.
- Malu, 16h da tarde, você tá brincado né?
- Não Mauro, eu estava trabalhando e não pude vir antes!
- Sei... disse Mauro, ironicamente.
Foi a gota d'água!
- E se eu estivesse dando a bunda? O que você tem haver com isso? Tu paga o meu salário?
Mauro continuou com aquele sorrisinho boçal na cara e disse.
- Olha, você da a "bunda" pra quem quiser, mas do jeito que é irresponsável, nem assim vai conseguir ganhar alguma coisa
Malu sentiu o sangue quente no rosto, seu peito encheu de um sentimento que não sabia descrever, pensou em uma resposta pro Mauro, resolveu contar até cinco.
Um
Dois
Três
Quatro...
Não conseguiu, contou até quatro, pegou o extintor da parede e deu no meio da boca dele, Mauro não conseguiu se esquivar. Também, nem ele e nem ela esperavam por isso. Ele caiu no chão, com uma cara de assustado, gritando que ela era louca.
Malu demorou pra se dar conta do que fez, tudo ficou mudo. Olhou pro lado, sua amigava que espera lá, perguntava assustada o que tinha acontecido, mas nenhum som saia de sua boca. Olhou pro cara no chão, e via ele praguejando palavrões contra ela, enquanto cuspia os dentes, mas nenhum som era ouvido. Ela contou até cinco.
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
- Sua vagabunda! Olha o que você fez!
Contar até cinco funcionou ela voltou a ouvir e a falar.
- Do que você me chamou? disse ela, jogando o extintor perto dele
Ele olhou assustado, gritando que iria processar ela.
- Foda-se! Eu quero ver você dar aquele sorrisinho cínico sem os dentes agora, seu babaca. Fazia tempo que você merecia uma dessa, não tem respeito com ninguém, não tem bom senso e nem humildade.
Nesse momento, entrou aquele monte de gente vestida de abelha. Olharam pra Malu, pegaram ela, e começaram a jogar pra cima levando-a para fora do estúdio. Jogaram ela pra cima a primeira vez e gritaram todos juntos
- Trinta e cinco!
Jogaram a segunda.
- Trinta e oito!
Jogaram ela pra cima pela terceira vez, essa bem mais alto que as outras.
- Quarenta e dois!
Dessa vez, ninguém segurou ela. Ela caiu lá do alto direto no chão e ao contrário do acidente de bicicleta, dessa vez doeu.
Malu acordou, caiu da cama. Na TV o resultado da tela sena.
Naquele dia não foi trabalhar, achou meio arriscado.
Malu I
Malu II
Malu III
4 comentários:
Caralho!!!!
Eu fiquei em choque, eu ri, eu fiquei em choque de novo.O 4 foi melhor que o 1,2 e 3.
Estou cultivando um carinho maior agora pela Malu.
Malu é uma figura adorável. Esperei tanto por essa postagem... Adorei!
http://dosesdemim.blogspot.com/2008/11/matria-prima-para-mosaco.html
amei
oq eu mais gosto na Malu é encontra uns pedaçinhos tão teus nela.
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