sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Mochileiro

Descobri, que a culpa das dores nas minhas costas, não vinha do jeito de dormir, nem de ficar na frente do computador, nem das oito horas diárias de trabalho. Descobri que a culpa é da saudade. É, essa mochila que a gente carrega todo dia, com centenas de lembranças, amores, dias no parque, namoradas, animais de estimação, amigos, desamores, comida da avó, gargalhadas, esconde-esconde, porres, aquele dia lá, bomba de chocolate da Dona Diva, Pula Pirata da Estrela, Rio de Janeiro, meu gato Pedro Balão, meu cachorro Max, meu tio, tardes de filmes, manhãs de desenho, escola, pessoas que a gente nunca viu, a Grazielle da 5ºB e lá vai cacetada. Às vezes num consigo nem andar de tão pesada essa mochila. No banho, na volta pra casa, antes de dormir, no trabalho, não importa o lugar nem o momento a mochila ta sempre lá.
E quando dá, e até mesmo quando não dá, saio eu pelo mundo de mochila nas costas atrás de esvaziar o peso. Ligo pra um amigo, visito a vovó, domingo no bosque, mousse de maracujá, viagem fim do ano, revejo a galera da São Pedro, fotos...
Mas isso é meio arriscado, como toda viagem incerta. Tem coisas na mochila que com o tempo vão pesando mais, a cada 1kg de saudades que morre, vem 3 pra substituir. E posso garantir, tem saudades que só engorda e aii da gente se reclamar. Mas pra isso, existe o Natal, e nesse, já sei o que vou ganhar, uma mochila nova e maior como em todos os outros natais.
E peço, se me ver por aí, de mala e cuia, não me ajude com a mochila. Ela pode ficar pesada de mais preu carregar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Malu II

Malu é interrompida quando as portas do ônibus se abrem e no mesmo instante com o grito do gordo, pega ladrão! O beberrão esbarra nela ao descer as pressas do ônibus com a coxinha inteira na boca. Ela balança a cabeça e ri da cara de frustrado do gordo, parecia que a coxinha era um membro da família. No próximo ponto Malu salta. Caminha descendo a rua segurando as alças da mochila e chegando à esquina de casa é surpreendida por dois moleques empunhados de canivetes, passa a mochila! Passa a mochila! Gritava o garoto. Ela tira a mochila sem nenhuma vontade, o garoto toma da sua mão e saem os dois correndo pra dentro de um beco. Malu coloca a mão no bolso, olha pra cima e continua andando, a vontade de se matar não saí da cabeça, só de pensar que terá que fazer a terceira via dos documentos que estavam na mochila.
Chega em casa, coloca o diskman, que estava seguro na cintura, em cima da mesinha do quarto, liga o som que toca Barão Vermelho, se joga na cama, e grita: “QUE MERDA!”.
Malu, entediada meche nas coisas que estão na cabeceira da cama, uma verdadeira bagunça. Acha seu potinho de moedas do Harry Potter, e resolve abrir pra encontrar uma moeda esquecida. Um sorriso aparece no rosto. Nada de moedas. Só uma ponta de cigarro de maconha que nem lembra como foi parar ali. Um “Pelo menos isso”, sai da boca junto com a fumaça.


Continua, porque amanhã é sábado e ela trabalha...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Malu I

A volta pra casa é a parte mais horrível do dia. O cheiro da fumaça de cigarro no terminal, do suor das pessoas fadigadas do trabalho é o mesmo que o de semana passada quando começaram as aulas. A fumaça dos craps, o cheiro de esgoto e os gritos dos muambeiros vendendo seus dvds piratas no túnel do terminal é nauseante. A fila do ônibus, as pessoas entrando e saindo, chegando e fofocando se fundem com a voz de Renato Russo que toca no único fone funcionando do diskman.
Malu entra no ônibus, senta no último lugar vago, no meio de dois sujeitos. Do lado direito um garoto gordo que segura ansioso um pacote engordurado enquanto devora uma coxinha. Do seu lado esquerdo está sentado um maltrapilho que não tira os olhos da comida gordurosa do obeso. O barulho dos papos furados e fofocas atrapalham O Teatro dos Vampiros, então ela entroxa também o fone estragado no ouvido. As pilhas acabam.
As vozes chateantes tomam conta da sua cabeça, principalmente à do mendigo que bafeja do seu lado pedindo um pedaço da coxinha do gordo.
O garoto finge que não ouve, então o rapaz maltrapilho para tentar ser notado se curva em cima de Malu em direção ao egoísta. O cheiro de pinga que exala do rapaz mal vestido é insuportável. Então ela levanta e encosta-se à porta, olha pra cima, fecha os olhos e sussurra uma música...

O cansaço continua semana que vêm;

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Memórias de um estagiário da DPT.

Foram seis meses trancafiado na sala das máquinas (DPT - Departamento de Processamento Técnico, repartição que recebe a doação de livros, para os desentendidos) jogando pás e pás de livros dentro daquelas caldeiras todo o santo dia, ou você acha que a Biblioteca Pública do Paraná recebe energia elétrica? São os “vapores letrados” que a fazem funcionar. Elevador, água quente, luz e etc. O cheiro de livro queimado não saía do cabelo, e o pior era quando precisava queimar aquelas velharias da Obras Raras, era o que dava mais fogo e o que mais fedia. E vai reclamar pra ver! O açoite era lei!
Às vezes, lá pelas três da tarde um amigo oriental do Térreo vinha me chamar pra lanchar e fumar um cigarro, era a melhor sensação do mundo largar aquela pá e não precisar dividir a comida com os ratos. E vocês me perguntam, mas porque não pediu ajuda pro seu amigo? Porque não fugiu? Eu respondo, quando sua chefe ameaça te chicotear com marca textos se você abrir o bico sobre o que acontece no Subsolo da Biblioteca Pública do Paraná, você não pensa duas vezes pra se calar. E tentar fugir? Tentar até que tentei, o máximo que consegui foi chegar na seção Belas Artes, onde fui surpreendido pelos guardas à “paisana cult”, nunca imaginei que aqueles grandalhões caberiam dentro de camisetas pólo listradas, tênis all star e sotaque inglês. O pior da punição não foi o trabalho dobrado, ler 7 vezes “Quem mexeu no meu queijo?” e comer páginas de livros de culinária foi o pior. Então, eu não contava nada, e assim, recebia meu meio pão, o pingado e só 22 chicotadas por dia.
Porém, depois dos três primeiros meses você se acostuma. A adaptação é terrível, as mãos ficam com uma casca grossa, o estômago enruga e diminui, e o cabelo começa a cair. Mas a aparência não tem importância quando você está sujeito a brigar com ratos, carregar toneladas de livros, e trocar o sal por poeira.
Pois bem, vamos chegar onde quero chegar.
Agora que estou livre, que posso respirar ar puro, comer algodão doce, e tudo mais, sei que é aqui, longe dos confins da Biblioteca que vou sentir no meu peito empoeirado, uma grande saudade de todos que trabalharam comigo e não foram simples colegas de trabalho. Obrigado pelas chicotadas, conselhos e papos furados. Foi muito bom conhecer vocês.

Memórias de um estagiário da DPT

Bruno Lorenzett Mocelin.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Aloha

"...E meus amigos parecem ter medo
De quem fala o que sentiu
De quem pensa diferente
Nos querem todos iguais
Assim é bem mais fácil nos controlar
E mentir, mentir, mentir
E matar, matar, matar
O que eu tenho de melhor: minha esperança
Que se faça o sacrifício
Que cresçam logo as crianças"

Aloha - Legião Urbana

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

porre de você


Quero vomitar você
Melhorar de súbito
Vomitar o mundo
Nem mais uma dose de amor

Pra curar essa ressaca

Embriagar-me de paz
Evitar beber solidão, em copo de lembranças
Quero amigos na mesa de um bar
E mais uma dose de tudo vai passar.

domingo, 7 de outubro de 2007

Greve!

Greve no meu peito, mas que falta de respeito com meu amor.
O coração não quer mais trabalhar, está esperando o reajuste da saudade. Diz que ta lutando pelos seus direitos, mas e eu? Fico aqui sentado?
Sem meu diretor de arte, a papelada de decisões se acumula na minha mesa, e eu apenas assino. Decisões erradas ou certas não existem, o encarregado de intitulá-las está de férias...
Me tranco no salão vazio, sento na poltrona, jogo o lápis e a xícara de criatividade no chão....

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sábado, 25 de agosto de 2007

Agora eu ando, correndo tanto.

Depois
Preocupações, suicídio.
Correr pra pegar ônibus, finais de mês.
Merrecas
Atrasado, adiantado, desesperado.
O que eles pensam, o que pensar.
Felicidade artificial
Insanidade, entorpecentes
Paz temporária
Notícias, músicas, lançamentos.
Facas, relâmpagos à role
Aviões
Antes
Bicicletas, boomerangs
Gaita
Cores, lápis
Namoradas, trabalhos
Trabalhos
Fim de ano, férias
Outros ares, ser
Crescer
Querer

sexta-feira, 20 de julho de 2007

guardo o aguardo na gaveta da paz





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terça-feira, 17 de julho de 2007

O ponto fraco

Queria saber por que me irrito fácil às vezes. Odeio fazer o que não quero.
Por mais que seja importante, por mais que seja pro meu bem, se eu não quero fazer e me mandam fazer, me irrito! Mas é algo muito ruim. Acho que se eu ganhasse força nessas horas, derrubaria tudo o que estivesse na minha frente! Muro, muralha, prédio, gente. É como toda a raiva acumulada virando algum outro sentimento.
E o problema! É que sou um herói e um vilão, e se eu tivesse essa força não sei pra que lado lutaria. Ah, também sou aquele garoto sardento que sempre se mete em confusão, e o infeliz é amigo dos dois.
Agora o vilão está no seu quarto, planejando como vai destruir o que não gosta. Está morrendo de raiva porque sabe que o herói vai interferir antes de completar seu plano. Então o vilão tenta alcançar lá no fundo de sua cabeça pútrida e má, uma idéia pra acabar com o herói.
O herói conversa com o garoto confuso, tenta descobrir alguma coisa a mais sobre seu inimigo. Entre verdades e mentiras que o garoto sardento conta sobre o vilão, o herói fica confuso e vai para casa.
O herói não chega, o vilão se morde de raiva, larga suas armas, rabiscos de planos e notas, e dorme.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Jantador de coração

Existe um poeta zumbi dentro de mim
Com fome de coração e tempero de lembranças
Não tem hora pra acordar
Volte e meia desperta ao luar
Volte e meia quando sai pra namorar
Anda por ali, esperando encontrar pra devorar
E de preguiça, deitar
Sente o cheiro que o coração exala
E o cadáver sai vagarosamente da cabala
Come o prato cardíaco que vem pela frente
Ao envenenado por apaixonado
Prefere o machucado

sexta-feira, 6 de julho de 2007

"Do que vale ser aqui onde a vida é de sonhar liberdade?"

Será que a livre arbítrio existe realmente? Eu acredito que não.
Acho que é uma mentira que inventaram para conformar a ausência da liberdade. Comecei a pensar nisso hoje. Alguém deletou minha pasta “Bruno”, lá tinha milhares de fotos de 5 anos atrás pra cá, restos de trabalhos, e o que mais me deixou sentido, minhas poesias, as coisas que eu escrevia quando estava triste, feliz, quando levei um pé na bunda, quando ganhei um amor, quando bebi demais, quando levei um pé na bunda de novo, quando amei, quando achei que amei, e quando não tinha nada pra fazer. Eu to anestesiado até agora, o que vou fazer sem minhas poesias, sem minhas fotos e inutilidades? Eu não sei.
Pois bem, eu podia fazer qualquer coisa a respeito disso, me matar, jogar o computador escada a baixo, chorar, tentar procurar a pasta, e um inferno de outras coisas. Eu teria o livre arbítrio pra fazer isso, não é? Mas minha liberdade estaria dependendo desse ocorrido, ou seja, eu só faria alguma coisa por reflexo do sumiço da pasta. Logo, eu estou preso à “ação” que no caso seria a perda da pasta, e minha suposta liberdade seria a “reação” que é o que eu faria por ter perdido ela. Você sempre esta preso a alguma coisa, sempre age em resposta do que viu, ouviu, sentiu ou qualquer que seja o “iu”
Acredito que só temos a “liberdade” a partir do momento que estamos presos a alguma ação. Podemos denominar então o livre arbítrio, apenas como uma corrente extensa?

Como tenho livre arbítrio nesse blog:
Sei lá, viu!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Os senhores de verde e botas pretas da limpeza.

Bom, hoje eu estava em mais uma tarde de trabalho como todas as outras, se não fosse a dor de barriga. Eu estava fazendo um trabalho chato, e aquela dor de barriga estava realmente me incomodando. Larguei tudo e fui logo ao banheiro. Graças a Deus não tinha ninguém, entrei na cabine do canto que seria a ultima opção dos necessitados como eu, escolhi ela também porque ficava longe das pias onde sempre entra um e outro pra se olhar no espelho ou lavar as mãos, longe disso eu teria mais sossego para me aliviar. Afinal, já é incomodo fazer fora de casa, ainda mais com barulho e inquietação. Mas como eu tenho uma sorte danada, o meu sossego durou pouco. Entra um, entra outro, barulho de torneira pra cá, barulho de papel pra lá, até que avisto pelo vão de baixo da porta um rodo. Lá estava o rodo juntamente com duas botas pretas e calça verde. Os passos passam pela porta, e logo ao lado escuto o rodo esfregando um pano no chão, vai e vem, vai e vem, e eu me segurando pra não fazer barulho e tentar não ser notado. Aquilo me deixou frustrado. Como o barulho já não era o bastante, vejo o rodo com o pano sujo entrando pela fresta de baixo da porta onde eu estava, esfrega puxa, esfrega puxa, o rodo aparece e some, como se estivesse me espiando. Caramba, porque um senhor de botas pretas, roupa verde com uma camisa escrito “Limpeza” tem de fazer isso bem na hora que eu estava ali? Será que ele não viu que no trinco do lado de fora estava escrito “Ocupado”? Porque estava e eu testei depois de sair. Será que tem uma câmera na ponta do rodo e ele é um tarado por homens sentados em privadas? Terminei, limpei e puxei a descarga. Ele ainda estava no banheiro, parado apoiando-se no rodo, olhando quem entrava e saía, as vezes dava mais uma esfregada aqui e ali. Isso fez lembrar de uma vez que fui fazer a mesma coisa num shopping, dessa vez estava escrito na camisa do outro rapaz “Limpeza. Shopping Mueller”. Estava lá eu, sentado na privada, irritado por não estar em casa, quando de repente escuto um barulho de spray e sinto um cheiro de “Bom ar”. O barulho vai se aproximando, até chegar na minha cabine, vejo uma mão e uma lata de “Bom ar” invadindo por cima da porta, a lata espirra duas vezes e passa para outra cabine. Poxa, será que essa é a diversão dos rapazes de verde que limpam o banheiro? Incomodar os usuários e ficar lá até que eles saíam para ver suas caras de irritado ou de vergonha. Porque o cheiro já não é bom, e deve ser uma droga fazer esse trabalho. Em outro motivo eu não consigo pensar. Se for assim não vou culpá-los, alguma diversão sempre tem que ter. Então vou me segurar até chegar em casa.


Porque sempre estão de verde, eu ainda não descobri!


[Espere até eu contar a história do japonês que não gosta que limpe a rua]

terça-feira, 3 de julho de 2007

As Boas Vindas

Olá estranhos no paraíso,
Boas vindas dadas à aqueles que vem para essa humilde esfera.
Antes eram escolhidos à dedo os que visitavam esse planetinha, mas fiz um acordo com o pequenino dono, todos são bem vindos, desde que: Não alimentem os pombos, e tomem cuidado com os 2 vulcões e a Rosa. Por enquanto, a entrada custa um sorriso, mais já aviso que o preço pode aumentar para uma ou mais gargalhadas.
Quanto ao meio de transporte fique avontade, voe com os pombos ou com os cometas, na volta é preferível que use a cauda dos cometas, os pombos estão muito gordos.

Por está noite é só,
aos que não são estranhos no paraíso, mil desculpas.